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Turistas argentinos em Florianópolis gastam quase 40% a mais na temporada

Movimento acima do esperado de turistas argentinos faz os lojistas de Florianópolis estimarem que as vendas de janeiro tenham superado as de dezembro
10/02/2025 - 18:18 - Atualizada em: 10/02/2025 - 18:18
Em virtude da valorização do peso argentino e principalmente do dólar, supermercados, lojas de departamentos e shopping têm recebido um grande número de turistas da Argentina (Foto: Lucas Amorelli, Arquivo NSC Total)

Turistas argentinos estão aumentando os lucros do comércio de Florianópolis. Em virtude da valorização do peso argentino e principalmente do dólar, supermercados, lojas de departamentos e shoppings têm recebido um grande número de turistas da Argentina.

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Uma estimativa prévia da Federação do Comércio de Santa Catarina (Fecomércio-SC) aponta que os argentinos estão gastando 37% a mais do que na última temporada. O movimento acima do esperado de turistas argentinos faz os lojistas de Florianópolis estimarem que as vendas de janeiro tenham superado as de dezembro, tradicionalmente o melhor mês para o comércio.

Nesta semana, imagens de uma loja de artigos esportivos de Florianópolis viralizaram nas redes sociais após a invasão de argentinos e os estoques quase esvaziados ao fim do dia. O movimento tem se repetido ao longo dos dias. O espaço virou uma espécie de “parque de diversões” dos argentinos em Santa Catarina, sobretudo em dias de chuva.

A funcionária pública argentina Liliana Vasques foi uma das turistas que trocaram um dia de sol na praia para garantir biquínis e sapatos no comércio de Florianópolis. Ela ainda planejava uma compra de mais uma mala para levar a bagagem de volta no ônibus. O motivo, para ela, é simples: se fosse comprar os mesmos itens na Argentina o preço seria bem maior.

— É o dobro. Sai o dobro. Aqui vale a pena comprar — afirma.

A psicóloga Gisela Kinstler conta em quais itens a discrepância de preços fica mais evidente entre Brasil e Argentina.

— Sapatos é o que mais a gente sente a diferença. Roupas de marca… — conta.

Confira fotos de argentinos em Florianópolis


Comércios se adaptam à alta procura

A Fecomércio garante que apesar da alta procura os comerciantes estão preparados para atender a esse aumento no volume de vendas. Mas a procura recorde dos “hermanos” pelos produtos do comércio catarinense também gera preocupação e exige adaptações na logística das empresas.

— Antecipar a logística da reposição de mercadoria. Então, as vendas superaram a expectativa, tanto que a movimentação na doca, a reposição de mercadoria nas lojas é constante — relata o superintendente do Floripa Shopping, Jean Oliveira.

— O pessoal não está deixando a gente nem colocar as mercadorias na arara, já estão tomando da mão, comprando bastante — conta a vendedora Luana Gabrieli Rodrigues, que atua em uma loja no bairro Canasvieiras, famoso pela concentração de moradores e turistas argentinos.

Mudanças na economia explicam movimento

A valorização do dólar é um dos principais fatores que motivam os turistas argentinos a irem às compras no comércio de Florianópolis, mas a explicação para essa onda vai além da questão cambial.

Na Argentina, as medidas econômicas do atual governo conseguiram um alívio no fantasma da inflação nos últimos meses, mas por outro lado diminuíram ainda mais o poder de compra de grande parte da população, já corroído por anos de inflação que chegou a superar os 200% ao ano em 2023.

O economista e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Lauro Mattei, explica que a maioria dos turistas argentinos que vêm para nosso Estado utilizam o dólar para pagar pela estadia e pelas compras. Por isso, conseguem desfrutar de vantagens já que a moeda norte-americana se valorizou muito em relação ao real desde os últimos meses do ano passado.

— Como o dólar já é uma moeda que circula na economia da Argentina, aqueles que têm o poder de compra adquirem o dólar. Eles não ficam guardando o seu poder de compra com o peso, eles guardam o seu poder de compra com o dólar. Quando sobra um dinheiro, eles compram dólar para se proteger de possível desvalorização do peso — explica.

O professor alerta que a leva de turistas que vêm fazendo a festa em lojas de Florianópolis é apenas uma parte da população, com renda mais elevada, já que 50% da população argentina vive abaixo da linha da pobreza.

Ainda assim, ele afirma que o custo de vida alto na Argentina tornam atrativas as ofertas brasileiras de alimentos como café, feijão e açúcar, não produzidos na Argentina, e de itens de vestuário, que encareceram ao longo dos anos pela inflação e questões internas da economia do país.

— Eles estão comprando aqui o que não conseguem comprar lá, porque o custo de manutenção da vida deles lá é alto — conta Mattei.

*Com informações de Bruna Radtke, da NSC TV

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