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Paixão pelo samba: Seu Lidinho será novo boneco do Berbigão do Boca no Carnaval de Florianópolis

Lídio Augusto Costa será o 43º boneco do bloco Berbigão do Boca em 2025
13/01/2025 - 20:40 - Atualizada em: 14/01/2025 - 13:58
Seu Lidinho, um ícone do carnaval de Florianópolis, será eternizado em boneco do Berbigão do Boca (Foto: Arquivo NSC)

De sorriso largo e chapéu na cabeça, Seu Lidinho sempre foi figura carimbada no Carnaval de Florianópolis. Passista da Escola de Samba Embaixada Copa Lord, Lídio Augusto Costa era conhecido pela simpatia e samba no pé. Foi ele o escolhido para se tornar o 43º boneco do Berbigão do Boca, na abertura do Carnaval de Florianópolis.

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Seu Lidinho, que faleceu em 5 de agosto de 2024, agora se torna parte da ala mais tradicional da festa. Todos os anos o bloco homenageia uma figura importante para a cultura da cidade, que morreu nos meses anteriores à folia.

— Ele era turma, do grupo, era um dos principais passistas do Berbigão. Quando nos reunimos para decidir o boneco de cada ano, sempre damos preferência para quem participou do bloco conosco. Seja na banda, como passista, como rainha ou compositor — declara o diretor financeiro do Berbigão do Boca, Leonardo Garofallis.

Lidinho era fácil de encontrar: numa esquina, na calçada do bar, no vão do Mercado Público, na sede de escola de samba ou na Passarela Nego Quirido, sempre de “terninho” branco, camisa amarela e vermelha e chapéu panamá, o carisma e o samba no pé o acompanhavam durante todo o ano.

— A palavra está meio desgastada, mas não tem outra que eu possa usar, Seu Lidinho era um ícone do nosso Carnaval. Ele representava o Carnaval em toda roda de samba que tinha na rua — diz Leonardo.

A construção do boneco

A construção do boneco já está nos toques finais. No ateliê de Alan Cardoso, artista responsável pela construção dos bonecos desde 1995, a versão boneco de Seu Lidinho vai tomando forma. O boneco já está na parte da pintura e o próximo passo é fazer “sob medida” a roupa com que ele se apresentava.

— É um terninho com detalhes de camisa e calça no vermelho, amarelo e branco. Além do chapéu que ele sempre usava — conta Leonardo.

O processo todo costuma levar cerca de 20 dias. Primeiro, o artista molda uma enorme cabeça de barro, de cerca de um metro de comprimento, com as feições do homenageado. A inspiração vem de fotografias que o artista deixa ao lado de sua bancada de trabalho, ou de familiares que fazem uma espécie de consultoria criativa. Depois, a cabeça serve como molde para o boneco, que é feito de fibra de vidro.

“Seu Lidinho dançava com uma paixão que contagiava a todos, espalhando sorrisos e alegria por onde passava. Sua presença será lembrada em cada roda de samba e desfile de carnaval. Com esse boneco, celebramos sua história e agradecemos por tudo o que ele fez pelo Berbigão do Boca e pelo carnaval de Floripa”, publicou o perfil oficial do bloco em uma rede social.

Um pé na eternidade

Os bonecos são uma marca do Berbigão, mas só foram surgir dois anos depois de o bloco começar a desfilar por Florianópolis, em 1993. A inspiração é no Carnaval de Olinda, mais especificamente no bloco Bacalhau do Batata — de onde, aliás, veio também a ideia para o nome Berbigão do Boca, acrescentando referências ao fruto do mar típico de Florianópolis, o berbigão, e a um dos criadores do bloco, Paulo Bastos Abraham, o Boca.

No início, o mote dos bonecos era celebrar figuras importantes para a cultura da cidade, de diferentes épocas. Os primeiros a virarem boneco, por exemplo, foram o Rei Momo Lagartixa, que na época estava vivo, e o músico Luiz Henrique Rosa, que havia morrido dez anos antes.

A tradição de celebrar alguém que faleceu nos meses anteriores ao desfile foi se criando com o tempo. Hoje em dia, a ideia é que, através dos bonecos, a pessoa permaneça na memória da cidade — diferentemente da arte erudita, que circula por museus, cinemas e bibliotecas, a arte popular, da qual o Carnaval é a maior expressão, tem dificuldades de inscrever seus autores na história.

— É um jeito de trazer de volta um cara que fez alguma coisa legal por Florianópolis. Então quando chega o desfile do Berbigão: (o povo relembra) “Ah, é o Beto Stodieck, o Meyer Filho, o Franklin Cascaes…” São pessoas mitológicas para Florianópolis — afima o artista Alan Cardoso.

*Sob supervisão de Andréa da Luz

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