“Não tem comparação”: meteorologista relaciona furacão Milton com o único registrado no Brasil
Neste ano, completaram-se 20 anos desde que o furacão Catarina, o primeiro a atingir o Brasil, foi registrado. O fenômeno surpreendeu meteorologistas que não esperavam a formação de furacões na região devido às águas frias do oceano. No entanto, condições especiais, como água mais quente do que o habitual e um bloqueio atmosférico, possibilitaram a formação.
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Em entrevista à CBN Joinville, Gilsânia Cruz, meteorologista da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), que trabalhou na detecção do furacão Catarina, falou sobre o Milton que passou na quarta-feira (9) pela Flórida, nos Estados Unidos
— É totalmente diferente, não vejo como comparação, a menos a formação de um furacão em que se tem as condições propícias para isso. Até o primeiro momento em que ele apareceu, estava com a categoria 1, e depois, muito rapidamente, foi para a categoria 5, que é o máximo. Quando ele encostou no continente, na primeira região, já encostou com a categoria 3, e foi perdendo a força. Os estragos já eram enormes mesmo antes da chegada dele, pela formação dos tornados. À medida que ele atravessou o estado, perdeu as características tropicais. Então, com isso, já passou a ser considerado como um ciclone pós-tropical — explica Gilsânia.
Veja fotos do furacão Milton:
A fim de evitar maiores danos provocados pelo furacão, o governo dos Estados Unidos evacuou cidades na área litorânea. O procedimento foi marcado por congestionamentos para deixar a região que seria atingida. A passagem do Furacão deixou, pelo menos, 16 pessoas mortas e milhões de moradores sem energia.
— Para fazer a evacuação, você tem que ter uma condição. Eles têm todo um protocolo e toda uma possibilidade de fazer isso. Os sistemas meteorológicos estão ficando mais intensos e cada vez mais frequentes. A gente vai ter impactos nesse sentido e tem que se preparar para isso — aponta Gilsânia.
Em 2004, a Defesa Civil tentou evacuar áreas próximas à costa, mas a infraestrutura não permitiu uma retirada em grande escala. Pessoas foram removidas das áreas de maior risco devido à ressaca e aos ventos. O Catarina foi classificado como de categoria 1, com ventos que causaram danos significativos e tornados adicionais.
Apesar dos desafios enfrentados pela novidade no Brasil, os meteorologistas locais conseguiram prever e minimizar os impactos. O trabalho foi elogiado pela responsabilidade e eficácia, mesmo em meio a informações conflitantes sobre a gravidade do fenômeno.
Desde então, o Brasil aprimorou a capacidade de monitoramento meteorológico, embora ainda não esteja no mesmo nível de preparação de países como os Estados Unidos e Japão.
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