Microplásticos oferecem riscos a quem frequenta praia de Florianópolis considerada a mais poluída do Brasil
Microplásticos são pedaços de plásticos que se quebram por diversos fatores naturais, como a chuva, o vento e a ação erosiva do mar. É o que disse a diretora da ONG Sea Shepherd Brasil, Nathalie Gil, que participou da pesquisa que apontou a praia do Pântano do Sul, em Florianópolis, como a mais poluída do Brasil. Além de microplásticos, também foram encontrados macroplásticos e macroresíduos. Gil participou do #CBN Floripa desta segunda-feira (23).
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Os riscos ocasionados por esses microplásticos impactam tanto a vida marinha, quanto a alimentação dos seres humanos. Segundo a pesquisa, produzida pela ONG em parceria com o Instituto Oceanográfico da USP, mais de 700 espécies de animais estão ameaçadas por plástico.
Os animais como tartarugas e peixes podem ingerir esses materiais que não são vistos a olho nu, além de terem seus órgãos esmagados pelos macroresíduos e macroplásticos, que são pedaços maiores.
— Eles vão acumulando plásticos do que eles ingerem, tanto peixes que fazem a filtração com essa água que pode ter microplásticos, ou animais que podem ingerindo e enchendo seus estômagos com microplásticos. Os animais e os seres humanos não tem enzimas para digerir esses plásticos, eles vão acumulando em seus estômagos e isso dá uma falsa sensação de saciedade, então esses animais acabam morrendo até mesmo por inanição — explicou a diretora da ONG Sea Shepherd Brasil.
Para as pessoas que se alimenta desses peixes, também não há prejuízos. Isso porque os resíduos ficam acumulados nos tecidos dos animais e, quando consumidos, também vão para o corpo de quem os ingere. Além disso, a própria água que a população bebe pode estar contaminada.
Gil ainda disse que o estudo é um dos maiores em relação à situação da costa litorânea de todo o mundo. Mais de 23 praias foram analisadas em Santa Catarina, em 13 municípios, com 0,61 macroresíduos por metro quadrado e 7,83 microresíduos por metro quadrado.
Na praia do Pântano do Sul, 865 microplásticos foram encontrados, o que faz do local o mais poluído do Brasil. Porém, a diretora da ONG alertou que a pesquisa é apenas uma leitura da praia
— Essa pesquisa é muito robusta quando vê a situação do país e do estado como um todo, mas só pontualmente uma leitura da praia pode ser, sim, enviesada. a gente quer fazer essa pesquisa por mais ciclos para a gente poder de fato afirmar que Pântano do Sul pode ser, sim, a praia mais poluída do país — destacou Gil.
Como esse plástico chega na praia?
Gil explicou que os microplásticos não estão nessa forma por origem, mas sim pela condição de quebra em pequenos pedaços. O descarte de resíduos na praia pela população é uma das hipóteses de como esses materiais chegam até a praia, mas a má gestão de resíduos de um local – não necessariamente de Florianópolis, mas de várias regiões do país e até mesmo do mundo por meio de correntes marítimas.
— Também vem da pesca. Vimos a presença de muitos apetrechos de pesca, principalmente na região Sul, também se decompondo em microplásticos — disse.
A geografia da praia e a proximidade com portos deve ser analisada nos próximos estudos que devem ser publicadas em breve, de acordo com a diretora da ONG.
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