Mais da metade dos professores da rede municipal aderem a greve em Florianópolis

A greve dos servidores municipais de Florianópolis, iniciada na última quarta-feira (12), está afetando significativamente o funcionamento de escolas e unidades de saúde na Capital. Mais da metade dos professores já aderiram a paralisação. O ato é uma resposta ao projeto da Reforma da Previdência dos servidores, protocolada na Câmara dos Vereadores, no mesmo dia.
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De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem), a proposta seria um ataque contra o serviço público. Em nota, o Sintrasem afirma que a reforma é “parte do plano de destruição das nossas aposentadorias”.
Ainda, o sindicato alega que o projeto aumenta o tempo de serviço de contribuição, além de impactar a aposentadoria especial e taxar aposentados. Há também a alegação de descumprimento do acordo firmado para chamar efetivos do concurso público no magistério e na saúde.
“A greve é uma resposta firme ao prefeito que iniciou seu segundo mandato mostrando que investir no serviço público não será sua prioridade”, diz a nota.
Impactos na educação
De acordo com a Prefeitura Municipal de Florianópolis (PMF), nesta quinta-feira (13), 55,20% dos profissionais da educação municipal já aderiram à greve. Nas creches, 30,2% dos trabalhadores estão paralisados.
A orientação da prefeitura é que os pais entrem em contato com as escolas para verificar a situação específica de cada turma. Isso evita deslocamentos desnecessários e ajuda na organização familiar.
Veja como estão os serviços
EBM – Escolas
- Unidades com atendimento integral – 9
- Unidades com atendimento parcial – 18
- Unidades sem atendimento – 12
- Porcentagem de profissionais em greve – 55,20%
NEIM – Creches
- Unidades com atendimento integral – 36
- Unidades com atendimento parcial – 37
- Unidades sem atendimento – 12
- Porcentagem de profissionais em greve – 30,2%
Paralizações na saúde
Na área da saúde, a informação divulgada pela prefeitura é de que apenas 197 dos 2095 colaboradores totais aderiram à greve (9,40%). Segundo a PMF, a maior parte dos serviços segue operando sem grandes alterações.
A situação varia entre as unidades. Centros de saúde como os da Agronômica, Pantanal e Trindade seguem com atendimento normal. Já na unidade do Itacurubi, por exemplo, 57,14% dos profissionais aderiram à greve. A maioria dos profissionais das unidades do Córrego Grande (75%), do Novo Continente (73,08%), dos Ingleses (65,22%) e do Santinho (52,94%) também estão paralisados.
Reuniões estão sendo realizadas para decidir a continuidade do atendimento. A recomendação da prefeitura é que os usuários liguem para as unidades de saúde ou utilizem o serviço de teleatendimento Alô Saúde, pelo 0800 333 3233. Os pacientes que tiverem algum impacto em consultas agendadas, serão orientados sobre a remarcação.
Veja como estão os serviços
Centro
- Agronômica – Sem adesão
- Centro – 4,35% de adesão
- Córrego Grande – 75% de adesão
- Itacorubi – 57,14% de adesão
- João Paulo – 6,25% de adesão
- Monte Serrat – 3,57% de adesão
- Pantanal – Sem adesão
- Prainha – 6,98 % de adesão
- Saco dos Limões – 3,33% de adesão
- Saco Grande – 17,86% de adesão
- Trindade – Sem adesão
Continente
- Abraão – Sem adesão
- Balneário – 31,82% de adesão
- Capoeiras – Sem adesão
- Coloninha – Sem adesão
- Coqueiros – 12% de adesão
- Estreito – Sem adesão
- Jardim Atlântico – Sem adesão
- Monte Cristo – Sem adesão
- Novo Continente – 73,08% de adesão
- Sapé – Sem adesão
- Vila Aparecida – 7,69% de adesão
Norte
- Barra da Lagoa – 36,36% de adesão
- Cachoeira do Bom Jesus – 50% de adesão
- Capivari – 2,63% de adesão
- Canasvieiras – Sem adesão
- Ingleses – 65,22% de adesão
- Jurerê – 25% de adesão
- Ponta das Canas – 7,69% de adesão
- Ratones – Sem adesão
- Rio Vermelho – 5% de adesão
- Santinho – 52,94% de adesão
- Santo Antônio de Lisboa – Sem adesão
- Vargem Grande – Sem adesão
- Vargem Pequena – 10% de adesão
Sul
- Alto Ribeirão – 26,09% de adesão
- Armação – Sem adesão
- Caeira da Barra do Sul – Sem adesão
- Campeche – 13,89% de adesão
- Canto da Lagoa – Sem adesão
- Carianos – Sem adesão
- Costa da Lagoa – 50% de adesão
- Costeira do Pirajubaé – 5,71% de adesão
- Fazenda Rio Tavares – 25,93% de adesão
- Lagoa da Conceição – Sem adesão
- Morro das Pedras – Sem adesão
- Pântano do Sul – 22,22% de adesão
- Ribeirão da Ilha – Sem adesão
- Rio Tavares – 38,46% de adesão
- Tapera – 2,70% de adesão
Demais serviços
Centro de Atenção Psicossocial (Caps)
- Continente – Sem adesão
- Ilha – 11,73% de adesão
- Infantil – 18,35% de adesão
- Ponta do Coral – Sem adesão
- Caps 3 – 24h – Sem adesão
Farmácia especializada – Sem adesão
Unidades de Pronto Atendimento
- Upa Norte – Sem adesão
- Upa Sul – Sem adesão
Samu – Sem adesão
Outros serviços, incluindo policlínicas – 1,85% de adesão
Reforma da previdência
A proposta foi enviada nesta terça-feira para avaliação da Câmara de Vereadores e aumenta a idade de aposentadoria para homens e mulheres no município, assim como a aposentadoria por tempo de contribuição.
Atualmente, a idade era de 65 anos para homens e 60 para mulheres, ambos com dez anos de contribuição. Com a proposta, a idade para homens permaneceria a mesma, mas a aposentadoria só seria possível com, no mínimo, 25 anos de contribuição. Para as mulheres, o tempo de contribuição também se altera, além de elevar a idade mínima para 62 anos.
Antes, homens podiam entrar com o processo de aposentadoria a partir de 60 anos, enquanto as mulheres podiam solicitar a partir dos 55. Agora, esse tipo de aposentadoria será unificada com a idade, se aprovada a proposta.
A nova previdência não deve aumentar taxas, mas também muda a forma de contribuição de aposentados e pensionistas. A contribuição do INSS passa a ser sobre o que ultrapassa 2 salários mínimos, ou seja, a alíquota se aplica para todos os aposentados sobre os valores acima disso.
Outras mudanças envolvem a aposentadoria de pessoas com deficiência, por exemplo. Antes, a aposentadoria era integral para doenças graves, doenças profissionais e acidente de trabalho. A partir de agora, passa a ser apenas para doenças profissionais e acidentes de trabalho.
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de Florianópolis também se manifestou em nota na terça-feira. O município afirma que o projeto “busca garantir a aposentadoria dos servidores e tem o objetivo de recuperar a capacidade de manutenção do fundo previdenciário”.
De acordo com a PMF, o sistema previdenciário está com um rombo de 8 bilhões, que se acumula desde 1999. “Se continuar, a Prefeitura não vai conseguir pagar as aposentadorias em alguns anos”. Leia na íntegra:
“A greve deflagrada hoje pelo SINTRASEM, por tempo indeterminado, acontece mesmo antes do início das discussões do projeto da Reforma da Previdência, enviada hoje (12) à Câmara de vereadores. O projeto busca garantir a aposentadoria dos servidores e tem o objetivo de recuperar a capacidade de manutenção do fundo previdenciário.
“O sistema previdenciário está com um rombo de 8 bilhões, que se acumula desde 1999. Ninguém quis mexer antes e a bola de neve foi aumentando. Se continuar, a Prefeitura não vai conseguir pagar as aposentadorias em alguns anos. O que estamos propondo é uma adequação a algo que o Governo Federal já fez. A discussão agora é na Câmara de vereadores e o sindicato anuncia greve, penalizando também os serviços para a população”, enfatizou o Prefeito Topázio Neto“.
Confira a nota do Sintrasem
“A greve é uma resposta firme ao prefeito que iniciou seu segundo mandato mostrando que investir no serviço público não será sua prioridade.
Nossa categoria trabalha duro nas escolas, NEIMs, na saúde e na assistência social, enfrentando o sucateamento para continuar atendendo a população com qualidade.
Seguimos agora em manifestação até a sede da prefeitura para gritarmos, em unidade, que exigimos valorização e que não vamos aceitar mais este golpe!”
*Sob supervisão de Raquel Vieira