Genética e alimentação podem contribuir para câncer de estômago, diz cirurgião oncológico
O câncer de estômago é um dos tipos mais comuns entre homens e mulheres, ocupando o terceiro lugar entre os homens e o quinto entre as mulheres. Quando há predisposição genética, a doença pode ocorrer em pessoas mais jovens. O cirurgião oncológico Danton Corrêa participou do Boa Tarde CBN nesta quinta-feira (19) para explicar como ocorre o diagnóstico, quais os fatores de risco e o tratamento.
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Corrêa explicou que a maioria dos casos surge após os 50 anos. Nos mais jovens, o câncer só pode ser caracterizado com hereditário após pelo menos três casos na família, com um deles sendo parente de primeiro grau.
Os hábitos alimentares também podem contribuir para o câncer de estômago, segundo o cirurgião. Ele exemplificou que países como Japão, Coreia e China, onde a população consome muitos alimentos fritos e embutidos, a doença é mais comum.
— Alimentos embutidos e enlatados que tem um tempo longo de sem estragar fora de geladeira. Todos esses tem um uma associação com câncer de estômago. A incidência de câncer de estômago diminuiu muito na população mundial depois que a refrigeração foi inventada. […] Antes de ter a geladeira, era tudo guardado em sal — explicou Corrêa.
O cirurgião oncológico explicou que o hábito de fumar também está associado ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer, como o de estômago. Nos estágios iniciais, todos os sintomas devem ser levados em consideração, desde o desconforto na região.
Os sinais de alerta são, principalmente, a dor ou dificuldade ao engolir a saliva ou alimentos, perda de peso repentina e anemia, vômitos persistentes com sangue, que muitas vezes se manifesta de forma mais escurecida, e não com a cor habitual do sangue. Quando esses sintomas aparecem, o câncer pode já estar em estágio avançado, segundo o médico.
— Eu vejo muito no meu consultório isso. A pessoa vem com sintomas e diz que começou a sentir há pouco tempo, e não entende como já está com uma doença tão avançada. É porque realmente nas fases iniciais ele não provoca sintoma — disse.
Como ocorre o diagnóstico
O diagnóstico normalmente é feito com a endoscopia ou com testes de de antígeno fecal para identificar a presença da bactéria Helicobacter pylori, associada ao câncer gástrico. Já o tratamento é dividido em diferentes estágios.
No estágio inicial, não é necessário quimioterapia, segundo o médico. Em estágios intermediários, uma combinação de quimioterapia e cirurgia é a melhor opção. Já quando a doença se espalha para outros órgãos, a cirurgia não é tão comum, com tratamentos com quimioterapia e imunoterapia
— Aí a gente usa tratamentos que são mais endovenosos. A cirurgia perde um pouco o papel. Então a cirurgia ela serve mais pra caso inicial e intermediário. Quando a gente tira parte do estômago, muda muito pouco na qualidade de vida do paciente — disse.
Quando parte do estômago é retirado, os pacientes necessitam de suplementação de ferro, cálcio e vitamina B12 por toda a vida.
— A digestão é mais difícil, a pessoa não consegue comer o mesmo volume. Quando come, se sente mais pesado, não consegue comer muito de uma vez só. Mas ela acaba tendo uma dieta parecida com um paciente bariátrico mesmo. Ela come várias vezes numa quantidade menor — destacou.
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