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Estudo inédito avalia transformação de maconha em biocombustível

Estudo utiliza um processo de decomposição térmica
03/04/2025 - 16:13 - Atualizada em: 03/04/2025 - 16:13
Apreensão de quase 130 quilos de maconha (Foto: PRF, Divulgação)

Uma pesquisa conduzida pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com a Polícia Federal (PF) e a Universidade Federal do Pará (UFPA), busca transformar maconha apreendida em biocombustível. O objetivo é reduzir os custos da PF com armazenamento e logística da droga.

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O estudo, chamado Projeto Cannabiocombustível, utiliza um processo de decomposição térmica para gerar bio-óleo, biogás, biocarvão e vinagre pirolítico. O projeto teve início nos laboratórios do Departamento de Engenharia Química e de Alimentos da UFSC.

O doutorando Antônio Augusto Canelas, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, iniciou sua pesquisa sob orientação dos professores Adriano Silva e Ana Paula Immich Boemo. Devido sua atuação em Belém, estabeleceu uma colaboração com a UFPA, onde continua os experimentos.

— Diante da grande quantidade de maconha apreendida pela Polícia Federal, surgiu a ideia de explorar essa biomassa como matéria-prima” — explica a orientadora Ana Paula. Com autorização do Superintendente da Polícia Federal do Pará e da Justiça, as pesquisas foram iniciadas há cerca de dois anos

A pesquisadora explica que a pirólise é um processo termoquímico realizado na ausência de oxigênio, no qual a biomassa é submetida a temperaturas elevadas, geralmente entre 300°C e 700°C, decompondo seus componentes orgânicos. Esse processo gera quatro frações principais, separadas por meio de condensadores, sendo elas:

Atualmente, o estudo está em fase de otimização, com o objetivo de maximizar a produção com o menor custo possível. Os pesquisadores avaliam os melhores parâmetros do processo, como tempo e temperatura de pirólise, condensação de gases e taxa de aquecimento.

— São mais de seis variáveis combinadas, cuja interação pode resultar em um produto de maior qualidade e melhor eficiência na conversão da maconha em biogás, bio-óleo e biocarvão —, destaca a professora.

Após a apreensão, a droga fica armazenada em galpões até a autorização para incineração, exigindo escolta e logística para sua destruição. Apesar de ainda estar em fase piloto, a pesquisadora ressalta que o estudo pode ser aplicado a outras biomassas, como cocaína, cigarros ou quaisquer materiais orgânicos passíveis de incineração.

— Essa pesquisa representa um avanço significativo na interseção entre engenharia química, sustentabilidade e segurança pública, demonstrando como a ciência pode contribuir com soluções inovadoras para desafios complexos da sociedade —, conclui.

*Sob supervisão de Raquel Vieira

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