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Estudante, pai e quarentão: quem é o “gari gato” de Florianópolis que busca vaga no Mister Brasil

Votação de candidatos acaba no domingo; conheça a história do gari
17/10/2024 - 14:56
Daniel tem 39 anos e atua na Comcap há dez anos (Foto: Lucas Amorelli, DC)

Formado em Teologia, estudante de Psicologia e quase um quarentão. Este é o “gari gato” de Florianópolis, que atua na Comcap há dez anos e está concorrendo ao título de Mister Brasil. O apelido de Daniel Silveira foi dado pelos próprios colegas de trabalho, pois ele já carrega a faixa de Mister Santa Catarina FNBI (Fundação Nacional da Beleza) desde 2023.

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Pai de duas meninas, de 15 e 9 anos, conta que teve o primeiro contato com concursos de beleza há três anos por causa da filha mais velha, que “sempre foi exibida e fotogênica”. Mas como fazer books para teste de modelo estava fora do orçamento, conseguiu um contato para colocar a adolescente para representar Florianópolis no mister SC.

O agente, no entanto, fez uma proposta ousada: que a pequena e o pai também competissem.

— No começo eu resisti, falei que não tinha altura e nem perfil, mas ele insistiu tanto que me convenceu e acabamos indo — conta.

A adolescente ficou em segundo lugar, já a pequena levou o título de mister mirim SC. No mesmo ano, o gari ganhou as faixas de Mister Turismo Man Florianópolis e Mister Turismo Man SC. No entanto, como a filha mais velha não conseguiu o título, a menor acabou desistindo dos concursos. Mas, no ano passado, uma nova chance apareceu: Daniel foi chamado para competir a uma vaga na final do Mister Brasil.

A votação online se encerra no próximo domingo (20) e custa R$ 2,10. A final ocorre em dezembro, em Gramado (RS).

Carreira e futuro

Concursado na Comcap, Daniel diz que se inscreveu para fazer a prova por incentivo do primo em 2012. Para sua surpresa, foi chamado em 2014. Ele cita que antes pensava que seria difícil “correr atrás de caminhão” e sentir o cheiro do lixo, mas pelo salário acabou topando.

Em uma década, conta que já se machucou seriamente duas vezes com vidros que não foram separados da forma adequada. Além disso, enfrenta os perrengues das noites chuvosas, de frio e a correria de descer do caminhão e pegar os sacos na rua.

Anteriormente, chegou a trabalhar por seis anos durante o dia, mas pediu para mudar o turno, já que o “sol castiga a pele”. Além da rotina de estudante e gari, vaidoso, Daniel tem um cronograma de cuidados que inclui cremes e os treinos, que mantêm em dia para fortalecer o corpo e aguentar diariamente a rota de 45 quilômetros — desses, pelo menos 20 são correndo e juntando sacos de lixo.

— Toda profissão tem seu valor, mas o gari é um povo muito guerreiro, pega sol, chuva e frio. Quando fazemos greve ou paramos, a cidade vira um caos. Então é um trabalho muito importante — comenta.

Mesmo orgulhoso da atual profissão, Daniel quer diminuir o ritmo e, neste ano, se forma em psicologia a fim de ter uma rotina menos corrida.

— Eu já estou a um ano de completar 40 anos, daqui a pouco já não tenho mais o mesmo pique, já vai aparecendo problemas de articulação. Daí estou cursando psicologia para poder fazer essa transição, de gari para psicólogo.

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