Carrapatos em Palhoça: especialistas explicam como se prevenir dos riscos da proliferação

Palhoça, na Grande Florianópolis, decretou estado de emergência devido ao aumento significativo da população de carrapatos na região do Lago da Pedra Branca. O fenômeno está diretamente ligado ao crescimento da população de capivaras, conhecidas por serem hospedeiras do carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa brasileira. Especialistas explicam como se proteger.
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O carrapato-estrela é um dos mais comuns em capivaras, e pode transmitir a febre maculosa para pessoas e animais de estimação. A doença, causada por bactérias do gênero Rickettsia, é potencialmente fatal se não for tratada rapidamente.
Segundo o professor Rogério Sobroza de Mello, especialista em infectologia e professor do curso de Medicina da UniSul/Inspirali, nos primeiros dias, a doença pode ser confundida com uma gripe forte, apresentando febre alta, dor no corpo, dor de cabeça e enjoo.
— O diferencial é o surgimento de manchas vermelhas na pele, que começam pelos braços e pernas e se espalham pelo corpo. Se a pessoa teve exposição e está apresentando sintomas sugestivos, é muito importante procurar um médico rapidamente — alerta.
Após a picada do carrapato infectado, a bactéria entra na corrente sanguínea e se espalha pelo corpo, afetando as células dos vasos sanguíneos. Esse processo pode levar à inflamação generalizada e disfunção de múltiplos órgãos.
De acordo com o especialista, o período de incubação varia de 2 a 14 dias, e os sintomas iniciais podem ser confundidos com outras doenças infecciosas, como dengue, leptospirose, covid-19 e, em alguns casos, até meningite, devido à semelhança dos sinais clínicos.
— Se encontrar um carrapato no corpo, deve retirá-lo com uma pinça, puxando com cuidado para não esmagá-lo. Após a remoção, lave a área da picada com água e sabão ou desinfete com álcool — orienta o professor.
Além disso, Rogério afirma que é essencial acompanhar informações sobre novas áreas com registros de infestação por meio dos dados oficiais das secretarias de saúde.
Cuidados com animais de estimação
Laura Vieira Tonon, professora de Medicina Veterinária da UniSul e mestre em Ciência Animal, reforça que a capivara não transmite diretamente a febre maculosa para humanos ou outros animais, mas muitas delas são hospedeiras da bactéria causadora da doença.
— O carrapato precisa sugar o sangue do animal contaminado, descer e entrar em contato com um humano ou outro animal para, então, após ficar aderido à pele por pelo menos quatro horas, transmitir a bactéria por picada ou esmagamento — explica.
As capivaras são os maiores roedores do mundo e têm se adaptado a ambientes urbanos devido à destruição de seus habitats naturais. Laura reforça que o primeiro passo para o controle populacional é evitar alimentá-las.
— Alimentar capivaras facilita sua permanência em determinadas áreas, aumentando o risco de proliferação do carrapato-estrela — aponta a professora.
Os sinais clínicos da febre maculosa em cães e gatos incluem febre, vômito, diarreia, anemia, fraqueza, sangramentos e dores pelo corpo, manifestadas como sensibilidade ao toque.
É recomendável que os tutores inspecionem diariamente o pelo de seus animais, especialmente entre os dedos das patas e nas orelhas. Caso o animal tenha circulado em áreas de risco, a inspeção deve ser feita a cada três horas, pois o carrapato precisa de 4 a 6 horas aderido à pele para transmitir a bactéria.
Segundo a professora, para evitar a infestação por carrapatos, o uso de antiparasitários é essencial. Existem três principais opções: o pour-on, aplicado diretamente no dorso do animal; os comprimidos, administrados via oral; e as coleiras antiparasitárias, que oferecem proteção prolongada e são resistentes à água.
— Esses métodos ajudam a reduzir a exposição dos animais ao carrapato-estrela, diminuindo o risco de transmissão da febre maculosa — explica.
Medidas preventivas
Para humanos
- Evitar áreas infestadas, como a região do Lago da Pedra Branca;
- Utilizar roupas compridas e de cores claras para facilitar a visualização de carrapatos;
- Aplicar repelentes adequados para carrapatos;
- Inspecionar o corpo após visitas a locais com vegetação densa;
- Remover qualquer carrapato encontrado na pele com o uso de pinça, evitando esmagá-lo.
Para animais domésticos
- Evitar passeios em áreas de mata alta e locais onde capivaras são comuns;
- Inspecionar o pelo dos animais diariamente e, caso haja exposição a áreas de risco, a cada três horas;
- Utilizar antiparasitários regularmente;
- Remover carrapatos com pinças, evitando esmagá-los.
*Sob supervisão de Raquel Vieira
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