Início » CBN Floripa » Cotidiano

Caso Luighi: Como o Paraguai penaliza o racismo

País foi o local onde o jogador Luighi, do time sub-20 do Palmeiras, foi hostilizado durante uma partida contra o Cerro Porteño
10/03/2025 - 16:14 - Atualizada em: 10/03/2025 - 16:14
Advogados avaliam que é difícil que a lei resulte em punição ao agressor (Foto: Redes Sociais, Reprodução)

O Paraguai possui desde 2022 uma lei que pune atos racistas. O país foi o local onde o jogador Luighi, do time sub-20 do Palmeiras, foi hostilizado durante uma partida contra o Cerro Porteño, na última quinta-feira (6). Advogados avaliam que é difícil que a lei resulte em punição ao agressor.

Clique aqui para receber as notícias da CBN Floripa pelo Canal do WhatsApp

A lei paraguaia considera “atos discriminatórios e racistas” um ato infracional. O racismo não é considerado um delito, muito menos um crime. O país prevê multas de até R$ 7,8 mil para os perpetradores e não prevê prisão, ao contrário do que acontece no Brasil.

Há duvidas se a legislação do Paraguai poderia ser aplicada ao caso Luighi, porque o jogador não mora no país. Um dos artigos da lei prevê a proteção da “população afrodescendente paraguaia” e “afrodescendentes residentes no território” paraguaio.

Lei sobre racismo no Paraguai

A lei nº 6.940/2022 considera atos discriminatórios e racistas:

E a pena para o ato infracional é uma multa que vai de 50 a 100 salários mínimos diários, que pode ser dobrada em caso de reincidência.

O salário mínimo diário paraguaio está, atualmente, em 107.627 guaranis, o que equivale a R$ 78,27. A multa máxima aplicada, portanto, para um ato racista, seria equivalente a no máximo R$ 7.827, em valores atuais.

Caso Luighi se enquadra na lei?

As ofensas dirigidas ao jogador se enquadram no inciso “b” da lei paraguaia, afirma Hugo Estigarribia, ex-senador do Paraguai e sócio-fundador do escritório Estigarribia & Asociados. Para ele, o torcedor pode ser punido considerando essa parte da lei.

O que gera dúvidas, em sua visão, é o artigo 2º da legislação, que diz o seguinte: “A presente lei tem como finalidade reconhecer, valorizar e dignificar a população afrodescendente paraguaia e as pessoas afrodescendentes que vivem dentro do território nacional.”

Nove alimentos da cesta básica devem ficar mais baratos; veja lista

“É preciso ver como essa lei se aplicaria, porque ela fala de um registro de afrodescendentes, no qual, com certeza, não está incluso um jogador de futebol [de outro país], que vem apenas para jogar uma partida. Tem que analisar um pouco mais, estudar os detalhes”, ressalta.

Durante a partida contra o Cerro Porteño, Luighi sofreu uma cusparada enquanto se dirigia ao banco de reservas. O jogador reclamou que foi alvo de ofensas racistas ao sair e alertou o árbrito que foi chamado de “macaco”. Na mesma partida, um torcedor foi filmado imitando um macaco em direçaõ ao jogador Figueiredo, também do Palmeiras.

Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por SE Palmeiras (@palmeiras)

*Sob supervisão de Raquel Vieira
**Com informações do g1

Leia mais

Mais de 21 milhões mulheres foram vítimas de violência no Brasil em 2024; veja dados

“Um dia de luta”; Janja chora ao falar de violência contra mulheres

INSS vai antecipar 13º salário de aposentados em 2025? Entenda

Destaques CBN