Palhoça tem cinco dias para transferir capivaras por conta de infestação de carrapato

O aumento da população de capivaras no Lago da Pedra Branca, em Palhoça, vem causando a proliferação de carrapatos na região. Segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), o Município não acatou a recomendação da Promotoria de Justiça para realizar a transferência das capivaras do perímetro urbano para outro hábitat natural adequado. Uma nova solicitação foi enviada nesta nesta quinta-feira (6). O prazo de resposta é de cinco dias.
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De acordo com o MPSC, uma notícia de fato foi instaurada em 19 de dezembro de 2024, a fim de adotar medidas preventivas quanto à proliferação desordenada de capivaras na cidade.
No dia 13 de janeiro de 2025, a 4ª Promotoria de Justiça de Palhoça formulou uma recomendação ao Município, a Secretaria Municipal de Saúde e a Diretoria de Bem-Estar Animal (DIBEA) para que fizessem uma operação conjunta a fim de transferir capivaras do perímetro urbano a outro hábitat adequado, garantindo o controle da propagação de zoonoses e a defesa da saúde pública.
Ainda de acordo com o Ministério Público, nem a Prefeitura de Palhoça nem a DIBEA responderam no prazo às solicitações. A Secretaria Municipal de Saúde limitou-se a informar que a gestão da DIBEA compete à Secretaria Municipal de Defesa do Cidadão, colocando-se à disposição para ações conjuntas.
Em 31 de janeiro, o Município decretou situação de emergência em áreas afetadas pela proliferação de carrapatos na região do bairro Pedra Branca.
O que diz a prefeitura
Em entrevista ao programa Notícias da Manhã desta sexta-feira (7), na CBN Floripa, o prefeito de Palhoça, Eduardo Freccia, afirmou que o município está ciente do problema e já implementou algumas medidas.
— Nós editamos o decreto de situação de emergência visto que já foi identificada uma pessoa com a febre maculosa oriunda do carrapato — declarou o prefeito.
— A superpopulação de capivaras tem trazido esse problema. As pessoas acabam alimentando elas, não sabendo que é um animal silvestre e que essa alimentação faz com que elas fiquem sempre por aqui. Elas ficam mais fortes, reproduzem mais, tem linhadas maiores, trazendo o problema do carrapato que pode passar a febre maculosa — disse Freccia.
Segundo ele, ações estão sendo coordenadas por órgãos da Saúde Pública e da Defesa Civil. O prefeito destacou ainda o Município está em contato com o Ibama para receber orientações sobre o manejo das capivaras, uma vez que se trata de animais silvestres.
— Nos indicaram e já e será realizada a aplicação de um veneno que mata o carrapato que já está na grama, para evitar que eles possam se proliferar.
Medidas preventivas, como a colocação de placas de aviso, também estão sendo adotadas para alertar a população sobre os riscos.
Freccia garantiu que todas as exigências do Ministério Público serão atendidas e que a prefeitura está empenhada em minimizar os problemas causados pelos carrapatos e pela superpopulação de capivaras.
Problema poderia ter sido evitado
O Promotor de Justiça José Eduardo Cardoso, que expediu recomendação à prefeitura, ressalta que a situação poderia ter sido controlada mais cedo.
“Se a recomendação expedida pela 4ª Promotoria de Justiça da Comarca de Palhoça tivesse sido acatada pela Prefeitura de Palhoça, Secretaria de Saúde e DIBEA, com a transferência das capivaras do perímetro urbano do Município de Palhoça para outro hábitat natural adequado, no intuito de afastá-las o quanto possível e de forma segura do convívio humano, para evitar a propagação de zoonoses e a defesa da saúde pública, muito provavelmente não estaríamos diante de uma situação de emergência”, disse em nota.
Febre maculosa
As capivaras são um dos principais hospedeiros do Amblyomma sp., conhecido como carrapato-estrela, que transmite a febre maculosa brasileira. A doença provoca febre alta, dores no corpo, dor de cabeça, falta de apetite e pode até mesmo levar ao óbito, caso o tratamento não seja iniciado rapidamente.
A recomendação é para que moradores e visitantes evitem a região sempre que possível e, caso estejam no local, não sentem diretamente na grama. Além disso, é essencial garantir que os animais de estimação estejam protegidos com medicamentos específicos contra pulgas e carrapatos.
*Sob supervisão de Raquel Vieira
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