O que é e como surgiu a expressão “manezinho”
Em Florianópolis, a palavra manezinho é muito conhecida pelos moradores da ilha de Santa Catarina, que adotam o “manezinho” como gentílico. Diferente de outras cidades que usam o brasiliense (gentílico de Brasília) ou o goianiense (gentílico de Goiânia), os moradores de Floripa ao invés de usarem o florianopolitano, usam o “manezinho”.
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Fazendo uma busca rápida no Google, com a palavra “manezinho”, é fácil de perceber que as pessoas têm interesse em saber da onde surgiu esse termo e como ele se popularizou entre os moradores. Segundo a Wikipédia, primeiro e mais popular resultado da pesquisa, “manezinho” é um termo popular e carinhoso para se referir aos nativos de Florianópolis. O termo tem origem na ascendência histórica da população da ilha. Alguns acreditam que vem do nome Manuel, que era muito usado pelos portugueses que colonizaram Florianópolis por volta de 1700, outros tem certeza que a origem é desconhecida.
Moriel Costa é músico, compositor, humorista e vocalista da tradicional banda Dazaranha, e é também conhecido por seu personagem icônico, Mané Darci, que retrata a cultura e o cotidiano de um “manezinho da Ilha de Santa Catarina”. Para Moriel, ser “manezinho” é chegar transmitindo coisas boas por nascer na ilha, ter “ataques” de felicidade todos os dias, entender que estranhos, aqui, são amigos.
— Manezinho é uma criatura brilhante, né? Não temos outra saída. — conclui, Moriel.
O que é ser manezinho
Como surgiu o termo “manezinho”
Segundo o artista visual, Jone Cezar Araújo, o termo chegou a Santa Catarina, em 1746, quando os açorianos desembarcaram na província de Santa Catarina, que tinha em torno de 2 mil habitantes. Esses viajantes chegam com nomes mais comuns como José Manoel, Manuel Jorge, João Manuel e Emanuel. Assim como os nomes das mulheres que eram Maria, Maria Tereza, entre outras variações. Naquela época eles não tinham essa variação que o Brasil tem hoje em dia.
Quando esses portugueses chegam no litoral, eles acabam mudando a característica cultural do lugar. A partir disso, em convivio, os habitantes começam a chamar essas pessoas pelo diminutivo dos seus nomes, Manuelzinho, Mariazinha e Manezinho.
Após 100 anos, os italianos e alemães chegam ao litoral e percebem que eles não desenvolveram tanto estigma. Os recém-chegados então começam a usar termos pejorativos para os açorianos, chamando eles de “comedores de farinha”, “os Manuelzinhos”, “os manezinhos”, porque o europeu chegou em Florianópolis como se fossem da metrópole.
Conforme o artista visual conta, os europeus chegaram em uma época que os açorianos estavam “estacionados”. Eles já haviam se estabelecido com uma cultura muito bonita, viva, com música, religiosidade, festas bonitas que duram até hoje, folclore. A partir disso se criou uma comunidade. Então, por causa dos europeus, até o final dos anos 60, era pejorativo dizer “Aquilo é um mané da ilha”, “Mané do Litoral da Ilha”, “Papa farinha, siri, pirão d’água”.
A colonização e a cultura manezinha
A importância de Franklin Cascaes na valorização do “manezinho”
É nos anos 60 para os 70, que o antropólogo Franklin Cascaes, começa a registrar documentos quando percebe que a cidade está começando a se modernizar e mostrar que o termo “manezinho”, usado até então de forma pejorativa, era na verdade um termo rico, com uma das culturas mais invejáveis do Sul do Brasil. Segundo Cascaes, uma cultura rica, estética, poética com mitologias lindas da idade média que se juntaram com as histórias dos indígenas e do povo afro que já habitava o litoral.
O antropólogo, então, colocava em exposição na Praça XV de Novembro os mais de mil desenhos, poesias e peças de cerâmicas que ele produziu registrando essa cultura. A partir dessa exposição, a população manezinha começou a se orgulhar do termo, percebendo a sua importância na sociedade com uma cultura de base açoriana.
No final dos anos 90, o jornalista Aldírio Simões criou o Troféu Manezinho da Ilha, já espelhado nos registros de Cascaes, com o objetivo de deixar marcado na história, os ilhéus que se destacaram em suas atividades e ações na cultura e no folclore.
Franklin Cascaes retratou as lendas da cultura do manezinho
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